
Com o crescimento dos programas de fidelidade, os passageiros passaram a ter acesso a novas formas de melhorar sua experiência de voo. Uma delas vem chamando atenção: o leilão de upgrade de cabine. A promessa é tentadora: pagar menos (em dinheiro ou milhas) para sair da econômica e voar com conforto na executiva. Mas será que o leilão de upgrade vale a pena mesmo? Ou é só uma jogada de marketing bem embalada?
Como funciona o leilão de upgrade?
Depois que você compra uma passagem (geralmente na econômica), algumas companhias aéreas oferecem a opção de participar de um leilão para tentar um upgrade para uma cabine superior — como a executiva ou até a primeira classe.
Funciona assim:
- Você recebe um convite por e-mail ou vê a opção no app da companhia.
- Faz uma oferta (em dinheiro, milhas ou uma combinação dos dois).
- A empresa define um intervalo de lances aceitáveis (mínimo e máximo).
- Se o seu lance for aceito, você recebe a confirmação alguns dias ou horas antes do voo.
- Se não for, segue na sua cabine original — e normalmente sem nenhum custo extra.
Empresas como LATAM, Azul, TAP, Lufthansa, Emirates e Air France já usam esse modelo de upgrade.
Vantagens do leilão de upgrade
- Conforto por menos: É possível voar na executiva gastando muito menos do que se fosse comprar diretamente o bilhete nessa cabine.
- Você define o valor: Dá pra ajustar sua oferta ao que faz sentido pro seu bolso ou quantidade de milhas.
- Experiência premium acessível: Perfeito para testar uma cabine superior sem comprometer tantas milhas ou dinheiro.
- Sem risco financeiro direto: Se o lance não for aceito, você não perde milhas nem dinheiro (em boa parte dos programas).
Riscos e ciladas que ninguém conta
Apesar das vantagens, o sistema está longe de ser perfeito. Veja os pontos de atenção:
1. Nenhuma garantia de upgrade
Você pode fazer um lance razoável e ainda assim não ser selecionado. E o pior: só descobre isso na véspera do voo.
2. Falta de transparência
Não dá pra saber quais critérios determinam quem ganha. Às vezes, mesmo com um lance alto, outro passageiro é escolhido por ter status no programa.
3. Valores inflacionados
Alguns lances mínimos são tão altos que não vale a pena competir — principalmente se comparar com o valor do mesmo trecho emitido diretamente com milhas.
4. Bloqueio temporário de milhas
Em alguns casos, as milhas são “reservadas” enquanto o leilão está em aberto, o que pode atrapalhar outras emissões ou promoções.
Quando vale a pena tentar?
- Voos com baixa ocupação: Se o voo estiver com muitos assentos livres, a chance de conseguir o upgrade por um valor baixo aumenta.
- Você já está no voo e não tem pressa: Se já comprou a passagem e tem milhas ou grana sobrando, tentar um lance não custa nada.
- Voos longos: Quanto maior o tempo de voo, mais sentido faz investir em conforto.
- Você tem status no programa da companhia: Frequentemente, quem tem status tem prioridade nos upgrades — mesmo em lances parecidos com os de outros passageiros.
Como avaliar se o lance compensa?
Antes de entrar na brincadeira, vale fazer um cálculo rápido:
- Quanto custa a executiva com milhas ou dinheiro no mesmo voo?
- Qual o valor médio do milheiro naquele programa?
- Quantas milhas ou quanto em dinheiro você está oferecendo?
- O tempo de voo justifica o investimento?
- Você ficaria frustrado se não conseguisse o upgrade?
Se você tem milhas sobrando e está em busca de conforto extra, vale tentar. Mas se precisa do upgrade “a qualquer custo”, é melhor não contar só com a sorte do leilão.
A conclusão é que sim, vale a pena, mas com ressalvas. O leilão de upgrade pode ser uma excelente jogada para quem já tem o voo garantido, milhas disponíveis e flexibilidade para arriscar. Mas ele não é uma garantia de conforto, nem sempre representa um bom custo-benefício — e pode gerar frustração se você entrar com expectativa alta demais.
Dica final: Encare o leilão como um bônus. Se vier, ótimo. Se não vier, você ainda vai chegar ao destino — e com todas as milhas no bolso.
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